AS VÁRIAS FASES DO SERTANEJO RAIZ AO UNIVERSITÁRIO
Antecedentes
"Sertanejo" são os locais afastados, longe das cidades, ainda que seja mais presente sua relação com o nordeste, do interior, que encontrou vegetação e clima hostis, além da dominação política dos "coronéis", obrigando a desenvolver uma cultura de resistência, do matuto, legitimamente sertanejo, conhecedor da caatinga. Difere-se da cultura caipira, especificamente originária na área que abrange os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Ali se desenvolveu uma cultura do colono que encontrou abundância de águas, terra produtiva e um clima mais ameno, típico do cerrado. É conhecida como "caipira" ou "sertaneja" a execução composta e executada das zonas rurais, do campo, a antiga Moda de viola. Os caipiras, duplas ou solo, utilizavam instrumentos típicos do Brasil-colônia, como viola caipira .
Primeira era
Foi em 1929 que surgiu a música sertaneja como se conhece hoje. Ela nasceu a partir de gravações feitas pelo jornalista e escritorCornélio Pires de "causos" e fragmentos de cantos tradicionais rurais do interior paulista, sul e triângulo mineiros, sudeste goiano e matogrossense.[1] Na época destas gravações pioneiras, o gênero era conhecido como música caipira, cujas letras evocavam o modo de vida do homem do interior (muitas vezes em oposição à vida do homem da cidade), assim como a beleza bucólica e romântica da paisagem interiorana (atualmente, este tipo de composição é classificada como "música sertaneja de raiz", com as letras enfatizadas no cotidiano e na maneira de cantar).[nota 1]
Uma nova fase na história da música sertaneja teve início após a Segunda Guerra Mundial, com a incorporação de novos estilos (de duetos com intervalos variados e o estilomariachi), gêneros (inicialmente a guarânia e a polca paraguaia e, mais tarde, o corrido e a rancheramexicanos) e instrumentos (como o acordeom e a harpa).[1] A temática vai tornando-se gradualmente mais amorosa, conservando, todavia, um caráter autobiográfico.[nota 2]
A introdução da guitarra elétrica e o chamado "ritmo jovem", pela dupla Léo Canhoto e Robertinho, no final da década de 1960, marcam o início da fase moderna da música sertaneja. Um dos integrantes do movimento musical Jovem Guarda, o cantor Sérgio Reis passou a gravar na década de 1970 repertório tradicional sertanejo, de forma a contribuir para a penetração mais ampla ao gênero. Renato Teixeira foi outro artista a se destacar àquela altura. Naquele período, os locais de performance da música sertaneja eram originalmente o circo, alguns rodeios e principalmente as rádios AM. Já a partir da década de 1980, essa penetração estendeu-se às rádios FM e também à televisão - seja em programas semanais matutinos de domingo ou em trilhas sonoras de novela ou programas especiais.[nota 3]
O Sertanejo Universitário, mudou muito a forma do sertanejo convencional, já que alguns instrumentos como a sanfona, se tornaram mais eletrônicos, assim, tornando a música com um ritmo um pouco mais acelerado. Sua composição tem como temas de festas, mulheres, por vezes cômica, e chama-se universitário pelo fato de que seus maiores apreciantes são adolescentes. Alguns pesquisadores, críticos e duplas sertanejas apontam que o rotulo "sertanejo universitário", tal como inicialmente usado no início do século XXI, não seria mais que um rótulo comercial, visto que não apresenta grandes diferenças musicais com seus antecessores. Mesmo as músicas entoadas pelas chamadas duplas sertanejas universitárias eram, em sua maioria, regravações e interpretações de canções que anteriormente culminaram em sucesso nas vozes de duplas das décadas de 70, 80 e 90. O fenômeno se deu, de fato, não pela imposição de um novo estilo musical, mas sim, pela conquista de um novo público, uma nova geração, que até certo ponto tinha um "pré-conceito" sobre o gosto musical do estilo "sertanejo". Na segunda década do século XXI o estilo sertanejo recebe tendências de vários estilos mais comerciais, como axé, pagode e até funk, além de estilos com raízes mais populares, como o "arrocha". Tais misturas vêm sendo criticadas, principalmente pelas duplas mais antigas, por descaracterizar a música sertaneja em praticamente todas suas instâncias: letra, melodia, toada e qualidade vocal. Discussões a parte, o gênero "misto", seja qual for a classificação formal, se popularisou no Brasil, e vem cada vez mais conquistando adeptos com o rótulo comercial "sertanejo universitário"
Dança Sertaneja
É comum encontrar em diversos bares e boates pelo país a dança acompanhada dos ritmos da musica sertaneja. Os estilos se dividem e se denominam conforme a região.
Observa-se que o estilo de dança sertanejo universitário tem se propagado em regiões da grande São Paulo, como nas cidades de Taboão da Serra, Embu, Cotia e ABC. Além da dança ser fenômeno em discotecas e bailes elitizados na região, observa-se um grande número de escolas de dança e academias de ginástica que ensinam este tipo de dança nestas cidades. Também é possível encontrar concursos e campeonatos deste estilo.[5]
O vanerão tem se propagado na região sul do país, sob forte influencia das culturas locais. Paralelamente é encontrado junto com outros estilos de dança em bares e bailes do gênero, assim como o country.
Na região Centro-Oeste é comum os chamados "bailões", que apresentam as músicas sertanejas de toada mais animada, predominantemente das três últimas décadas do século XX. O estilo de dança é simples, sempre em par, comumente com passos de baião e xote. O chamado "dois pra lá, dois pra cá" é o passo predominante, o que levou o estilo a se popularizar nos bailões pelo fácil acompanhamento.
Bibliografia
NEPOMUCENO, Rosa. Música Caipira: da roça ao rodeio. Editora 34. 1999. "Goiás - o berço da música sertaneja".